sábado, 27 de maio de 2006

Romagem da Saudade

Como alguém lembrou aqui recentemente, estamos quase nos 40. Idade fatidicamente propícia à saudade juvenil de que este blogue é produto acabado ("agora que és um produto acabado / da sociedade de consumo imediato", cantavam os Táxi, lembram-se? Quem posta a lata de Cairo?). A saudade é inevitavelmente finita, porque não é produtiva. Todos nós somos hoje outros, mesmo que os mesmos em algum canto de nós mesmos. Hoje somos diferentes e criamos de forma diferente. Alguns terão até alguma timidez em recordar-se e expor-se assim.

Do alto desta pedra vos digo, este blogue só pode sobreviver se, além das queridas recordações que nos lembram como eramos virgens e intensos, formos capazes de por nele aquilo que hoje somos. Se para eles passarmos algo do que nos faz vibrar hoje. Já viram alguma rave num cemitério?

8 comentários:

Rui disse...

Absolutamente!

Rui disse...

Na verdade essa reflexão esteve presente desde os primeiros passos deste blog. Mas o apelo do ontem tem abafado o que dá mais trabalho e pode ser mais duro (o passado une-nos, é belo, incontestável. E o inconformismo em formol é bastante cómodo e higiénico).
Coincidentemente, à mesma hora que postavas, decorria um "chat analógico" (uma cena tecnológicamente rudimentar que consiste em falar presencialmente com outros internautas) em Gondomar em que esse e outros assuntos foram discutidos entre membros deste gordo grupo de bloggers. - Juro que é verdade! - A preocupação era a mesma e a coincidência (horária, repito) engraçada.
A coisa aos poucos irá por aí, até porque os souvenirs são um manancial finito e um beco sem saída e têm sido é pretexto para nos reencontrarmos e actualizarmos. Posso estar enganado, mas estou para já convencido disto. É claro que exige que demos do nosso presente, mas ele aos poucos está já a aparecer.

Rui disse...

Errata ao comentário anterior:
Onde se lê Gondomar leia-se Alfena.
O nome da localidade, para além de preciso, é muito mais interessante!

Sérgio R disse...

Meus amigos: este comentário pode contribuir para vos sossegar. Como sabem, tento ser no presente um especialista do Passado. Sou arqueólogo. O Passado para mim é canja. E é canja porquê? Porque - como dizem alguns dos teóricos mais interessantes que estudo - o Passado simplesmente não existe. Não há! Não está! Enquanto comem um cornetto, assistem a um jogo de futebol ou ouvem boa música reparem lá se o passado existe. Olhem através da janela e tentem encontrá-lo... Não conseguem pois não? Quando andamos às compras no shopping ou quando vamos à Fnac nunca nos cruzamos com ele. Népia! O passado não se compra, não se vende , não se vê. O passado é uma coisa em que nos ensinaram a acreditar. Como uma religião, por exemplo. Nunca vimos o passado mas acreditamos que ele existiu. Até temos a sensação de que um dia estivemos nele. Mas enganam-se. Isso não é passado. Isso era presente. E hoje, quando falamos no passado ele também é presente. Portanto, o passado é presente e só existe porque "falamos" nele. As recordações, as nossas memórias são sempre de hoje. E amanhã o hoje mais do que ser passado vai ser hoje outra vez.
Por isso não se preocupem: Em cada post sobre os BKC, em cada comment sobre o Barbosa, estamos a dizer unicamente aquilo que "somos hoje". Se não o dissermos o passado não se diz sozinho...

Mónica (em Campanhã) disse...

isto é um blog muito amigos de Alex mas isso não vos (nos) deve perturbar! quem me dera que até passassem aqui no blog Procul Harum ou o You can't always get what you want, dos Stones.

blogar já é sair do passado. virmos aqui falar uns com os outros, nos tempos que correm, não podia ser mais prá frentex.

oh Sérgio, eu acho tudo ao contrário: só o passado existe. o presente é miragem e o futuro fantasia.

Rui disse...

Feldrix!
Mais um bocado e espetavas uma injecção de Bergson e Heidegger nas veias da banana!!
Concordo em comer a tua canja ao som do cd do Gil Scott-Heron de que falas. De que album é o "The Bottle", para encher os copos?

Rui disse...

nota: Este último comment dizia óbviamente respeito ao do Sérgio.

(Enquanto escrevia, M adiantou-se e postou primeiro)

Anónimo disse...

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