Concertos fantásticos 2

Em 1981, o Trio de Martial Solal foi à Faculdade de Economia do Porto, vindos do Cascais Jazz. Eu e Jó, a mais o clã C Gomes (e penso que os respectivos namorados - Nossa e Vasco), fomos vê-los e, sobretudo, ouvi-los. Foi um concerto muito engraçado, cheio de surpresas. Para não perder muito tempo a escrever sobre todos os pormenores de que me lembro - e até porque já começo a ficar preocupado por me deitar quase todos os dias às 5 da manhã por estar horas a fio nos blogs (Bananas, Ana Sã, fósseis - já agora: alguém quer comprar um fóssil?), vou apenas descrever as várias etapas do concerto.

1. Primeira parte: o trio tocou e nós ouvimos.
2. Intervalo.
3. Segunda parte: Daniel Humair vai sozinho para o palco e sola na bateria. Depois levanta-se e, com umas baquetas com ponta de borracha, começa literalmente a "desbundar" ritmos numa placa de cobre convexa que existia no fundo do palco - notem que não era um instrumento, era uma estrutura metálica que fazia parte do palco, talvez com finalidades acústicas. A placa transformou-se por instantes em instrumento de percussão e os efeitos sonoros foram espectaculares. Sai do palco.
4. Mike Richmond, o baixista aparece, sola um bom bocado e sai.
5. Depois é Martial Solal. Piano. Sola muito tempo e... acontecimento bizarro... é perturbado por um "freak" com cabelo à Jesus Cristo Superstar que começa a gritar "hey man! hey man!". O Freak não se cala. M. Solal está com ar de enfastiado. A plateia começa a ficar irrequieta. Martial Solal pára de tocar. Daniel Humair, que estava ao fundo, junto à tal placa de cobre sai disparado - à medida que ele se aproxima vêmos que é grande como o caraças! Em segundos, agarra no "freak", vira-o de costas com um valente de um puxão, pega-lhe pelo pescoço e põe-no no olho da rua. (Diria o Mário Viegas, "no olho da rua. Nú!").
6. Martial recomeça a tocar, os outros músicos juntam-se a ele, e tudo permanece em paz... até ao fim do espectáculo.

Bem fixe!