terça-feira, 29 de maio de 2007

Valadarenses marcantes

Na sequência de alguns avivamentos da memória relativamente a "personagens e que personagens!" de Valadares, começou-se, às 2 por 3, a falar dos maluquinhos da terra, das suas estórias e da aldeia-palco onde eles actuaram.

Como sempre, trata-se de um pretexto mais ou menos consciente para se evocar o passado. O nosso passado: um tempo que só vagamente existe dentro das nossas cabeças, num espaço alterado pela mão do progresso.

Antes isto que roubar fruta!

Rui L diz:
O Marau passava dias a dar à manivela para tirar água dos poços sabiam? Daí a sua força. Outras frases que me fazem lembrar a sua voz Joe Cocker eram as respostas que dava às perguntas “Onde vais à terça? E à quarta?” e a expressão “Parecem agulhas parecem agulhas” quando se referia a sodomização de que foi alvo!

E tantas vezes, com a minha falecida avó que era tramada para a brincadeira, repeti o “Não bais à missa”! Coitados, já a irmã (sapateiro) era certinha.

A Maria Eléctrica morreu na linha, em Sameiros. Fui poupado a essas imagens a que toda a gente das redondezas foi assistir. Mas chegamos a fazer várias visitas à linha depois, p procurar restos… Doía-me a barriga mas eu não dizia a ninguém, parecia mal… Aqueles putos da “Ilha” eram terríveis!

O Lino é que era outra peça!!

E outros menos mediáticos como o Edmundo (cavada velha) que rebentou a parede à marretada para tirar a moto que o pai tinha fechado na garagem?

Malucos naquela terra não faltavam!!!


JORGE diz:
o Lino,

Fdx, já nem me lembrava dele! Um pequeno Picasso! Naif!

Vi pinturas deles em vários sítios longe daqui. Reconheceria o avião dele (entre outros) em qq lado.

Esse não era como o Marau ou o Cacinho, teve uma vida cheia, tinha tudo!

Más companhias o levaram, dizem.

Chegou a ser dado como morto num acidente na 109, vi-o boé mais tarde de muletas.

Mas já foi há "n" de tempo. Ainda é vivo?

Um personagem a desenvolver num longo conto!

Artur G diz:
Eu conheci o Acacinho, não o Cacinho... de Acácio , peraps... em estrangeiro... Já existe uma pequena história deste bondoso maluquinho na revista Orfeão 2, pelo meu irmão e com foto minha... em frente à velha casa do Ribas...
O Tono era do caraças... atirava pedras quando atiçado... e mordia as mãos... muito religioso...
A Maria Eléctrica... lembro-me dela... mal humorada e de bigode farto...
O Marau... resmungão e porquinho, coitado... aquele saco de pão cheio de bolor... só visto!
O Maluquinho das Quartas-feiras ou das Latas... passava em frente a minha casa e parava frente ao portão... verdadeira fanfarra... fazia quilómetros... uma tia minha viveu alguns anos em Valongo por onde esta figura passava todos os santos Sábados... sempre a calcorrear paralelos... passou-se porque a guerra transformou-o... constava.
O Lino era maluco e bem maluco... violento até... uma vez meteu-se comigo e foi parar ao meio da rua... o Gozé viu-o a fazer desabar uma cadeira nos ombros de um cliente do café Stop onde o Lino trabalhou... quando ainda era puco maluco... ou ainda ninguém tinha dado conta... bem entendido!

Mas o meu tolo de estimação... e chamo-lhe tolo porque ele estava longe da loucura destes supra mencionados... apenas lhe faltava um parafusito... é o Amadeu... era... ... empregado do meu Avô Gandra, acompanhava-o aos doentes e ficava a guardar o carro, às vezes em locais bem desolados... não sabia conduzir mas o meu Avô comprou-lhe um chapéu de motorista e... enquanto esperava no carro, sentava-se ao volante feliz da vida... entre vários, um Lancia fantástico segundo as descrições dos valadarenses mais velhos.
Trabalhou para nós muito tempo e sempre estimado, de confiança absoluta e inabalável (de tanta, parece impossível, nos tempos actuais)... era de facto um menino grande... um mimo... muito pobre passava os Natais connosco, ultimamente (anos 80) em casa do meu tio... os lanches eram compostos de sopas de pão no café com leite bem escuro... eu adorava lanchar com ele e andar pelo quintal a cheteá-lo... eu e o meu cão Zip... ao lanche, na cabeceira da mesa, virado para mim, inusitadamente (ou nem tanto) cerrava os olhos e contava até cinco abrindo os dedos da mão, um a um, enquanto deixava pender a cabeça para o lado... como que adormecendo da vida...

Como tenho saudades dele... ao ponto de fazer-me cair um lágrima... passados 30 anos...

Rui P diz:
O saudosismo é uma tolice e a memória é o que resta de uma orelha roída

Sim, Sérgio, please... (se não se põe já no blog, depois é q nunca mais!) E tb o resto da mailing list do tema "Sumaúma" que falta!
Eu estou sem tempo e a bazar para paragens exóticas.

O Nossa tem razão, seus preguiçosos... o blog é o sitio certo para estas conversas. Mas também compreendo q o Word Verification é um Pain in the Ass ;)

Artur, não queres passar essa foto do Marau aqui para a malta?

Houve um esboço de música dos BKC sobre o Marau. Lembraste, Sérgio?

E a Piscó? Lembram-se dela?(neste caso, deviam estar nesta mailing list os francelenses!!!)

Nossa disse:
Retirei o "word verification"... dá menos trabalho deixar um comentário... a ver vamos...

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