Blogamos aqui a transcrição de conversa em curso entre grupo de frequentadores deste blog.
Este "forum" espontâneo em mailing list ocasional continua a fervilhar e serão neste post actualizadas as suas contribuições.
Algumas contribuições foram editadas no processo de tornar "pública" a conversa "privada".
Leia-se a ordem cronológica.
Sumaúma, sumapau, novoriquismo, betão, pornografia e barbeiros
Rui disse:
Ouvi dizer...
É verdade que o Cine Brasão "renasceu das cinzas"?
abraço
Rui (um emigrante)
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A. disse: Estive na inauguração... no "corta-fita" de manhã e no espectáculo de Carlos do Carmo à noite.
Está uma belíssima sala. Esculturas de José Rodrigues e pintura do tecto por José Emídio. O arquitecto foi o Joaquim Messena. Tens que ver.
(...)
PS: conheces António Reis? O valadarense cineasta e poeta?
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Rui disse: O António Reis foi o meu mestre na escola de cinema. É um dos mais importantes cineastas de sempre. Mas para além dele e de mim ainda tens um outro valadarense no cinema (este "adoptado"): o Aurélio Paz dos Reis, que se não me engano tinha uma casa na praia, o primeiro cineasta português (1897). A Cinemateca Portuguesa já fez ciclos de cinema dedicada a estes 3 de Valadares. Dos quais só há um vivo! ;)
Por isso, um dia, se o "programador" do Brazão quiser fazer um brilharete já sabe o que tem a fazer.
A propósito, em Outubro vão-me fazer outra homenagem (na Covilhã) com direito a ciclo com alguns dos filmes. Às tantas para aproveitar a boleia da programação, se alguém quiser.
Jamais esquecerei q vi o meu primeiro porno nessa sala. Em sumapau, claro!
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A. disse:
Registei.
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RL disse:
Coliseu da Rampa is alive! Vamos lá quinta pra maneta! ;)
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Rui disse: Foi lá q vi o meu primeiro. Chamava-se "garganta funda" (é hoje um clássico). Acho q vi com o Sérgio! ---
RL disse: Uma vez tivemos de sair a correr por causa do saudoso Miguel Milheiro que se começou a sentir mal, lembras-te. Eram os filmes com mais silêncio de plateia que já vi até hj!!! Uma vez um de nós, quando eu estava a puxar risota, disse-me: tá calado, deixa-me ganhar tesão!!! Bons tempos!
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Sérgio disse: Bonito, de facto… mas não dispensa comentários.
Só é pena que tudo o que se faz (e como se faz) tenha de ser motivado por interesses “outros” e não pelas coisas em si! Mas é assim que (lamentavelmente) este país funciona…
A velocidade com que a dada altura as obras no cine brazão avançaram faz-me pensar em duas coisas: primeiro, é certinho que mais cedo ou mais tarde surjam problemas pelo facto das obras terem sido feitas à pressa! “De pressa e bem” é um lema que não se adequa à nossa realidade. Por isso, daqui a uns tempos lá iremos pagar mais uns tubos, as consequências de infiltrações no telhado, uma eventual pintura nova, etc. Aliás, se virem bem, o areado do cimento exterior está uma miséria (está às covas), o que não se adequa à qualidade pretendida para o edifício.
A segunda coisa é esta: há uns anos, aquando das obras nas ruas de Valadares, foram feitos pedidos directos à Junta (e possivelmente à Câmara) para que elas andassem mais depressa: estava em questão a qualidade de vida dos fregueses… Resultado: nenhum! Lembram-se, por exemplo, quanto tempo ficou encerrada a ponte sobre a linha do comboio? É que as eleições e coisas afins ainda estavam longe…
O que pessoalmente sinto é que as pessoas que estão ligadas à res publica não merecem sequer o tempo que eu perdi a escrever este texto…. Mais ainda, esta terra já não me diz absolutamente nada! Da Valadares interessante restaram apenas as minhas memórias… a única coisa em que ninguém pode mexer!
Quanto ao resto, que se lixe! Por mim até podem construir hipermercados junto à Quinta da Formiga…
Vou trabalhar.
PS. Pelo que o A. disse, o interior do Cine-Brazão é digno de ser assaltado, tal é a quantidade de arte… Mas pergunto-me: será que o Mestre José Rodrigues também já conquistou o território a sul do Ave? Será que o mega Relógio de Sol de Vila do Conde – que não funciona e que só o estudo ficou por 100.000 contos – vai ter um primo para estas bandas?
Que sentido faz um investimento tão grande num sítio em vias de se tornar tão asqueroso?
Sabem que mais: o Cine-Brazão é a materialização mais autêntica do espírito novo-rico! Senão, pensem lá um bocadinho….
Agudabá! ---
A. disse: Não concordo de todo com o que tu dizes, Sérgio. Embora tenhas razão ao chamares a atenção em relação a outras obras.(...)Quanto ao Brazão, não te esqueças que correu riscos de vir a ser mais um condomínio daqueles manhosos, um mamarracho terrível. Felizmente deu no que deu... não podemos atirar a torto e a direito... está sempre tudo mal!(...)Além disso pode concorrer exactamente para a inversão do rumo da terra e torná-la menos asquerosa... (...)
(...)
Abraço
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RL disse:
Para aguçar a questão, lanço a aposta que o privilegiado espaço social que foi palco em tempos remotos de um bom convívio, e com nível diga-se de passagem, muito antes dos tempos do kung-fumaça ou da punheta de bolso, esteja convertido, muito em breve e após as recentes obras, num centro comercial de lojas chinesas, tal é a proliferação destas por aquelas bandas. No máximo teremos novamente punheta mas desta vez de olhos em bico!!!! ;)
Oxalá me engane…
PS:Quanto à arquitectura não está mal, está é desenquadrada! ---
Nossa disse:
Desenquadrada... é isso.
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Rui disse:
Isto de repente está um fórum. Mt bem! (se não fosse por haver "profissionais" da politica neste parlapié, até sugeria meter esta letra no blog )
E o filho do juiz, q tem a dizer sobre isto? :)
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A. disse:
É uma questão de a enquadrar... o Orfeão se se mexer pode voltar a fazer parelha com o Cine... não só cultural mas arquitectonicamente falando... afinal estão intimamente ligados desde a nascença.
Por falar em frequência... ainda tenho um cartão de camarote "vitalício ou o caneco" do meu avô G. Adorava poder recuar no tempo até aos anos 20 e 30...
ABRAÇO
PS: VOU TRABALHAR QUE FOI PARA ISSO QUE VIM AO ESCRITÓRIO, MEUS MALANDROS.
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JML disse:
Embora more mesmo ao lado, em Vilar do Paraíso, agora é raro passar por Valadares ou ter notícias "da terra". Mas, da última vez que ouvi algo sobre assunto, fiquei a saber que o ex-Cine Brazão estava prestes a reabrir, agora como "centro cultural". O edifício que conhecias foi demolido. O edifício novo parece simpático.
Não sei se já viste esta notícia . Acho muita ambição para o centro de uma vila que há muito parou no tempo, mas... stranger things have happened. Espero, claro, que a coisa resulte.
Cheers,
jml (um provável futuro emigrante, também via Lisboa)
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Sérgio disse:
Acham-no desenquadrado?!
Desenquadrado em relação a quê?!
Eu acho que até está bem enquadrado em função do desenquadramento de tudo... Provavelmente o interesse do arquitecto foi manter o estilo mosaico cá da terra... ;)
Como diz o Rui Lopes, sou um bocado céptico quanto ao futuro do investimento... oxalá me engane!
E digo mais uma coisa: Tive a sorte de ter usufruído muito daquele cinema enquanto tal. Desde puto. O meu avô Rodrigues chegou a ter dois lugares cativos durante décadas (nºs 2 e 4, fila B, segundo balcão – sumaúma).
Bastava telefonar ao Sr. Figueiredo e avisar que ía...
Esse mesmo avô e outros valadareses deram dinheiro do bolso deles para evitar a falência do cinema, penso que nos anos 60. Durante algum tempo o cinema foi propriedade dessa espécie de sociedade (onde estava o Marta da Cruz e outros ricos de então).
Apesar desta ligação afectiva àquele espaço, não estou absolutamente nada preocupado com o que lhe possa vir a acontecer. E não estou porque assim é mais fácil lidar com o seu pontencial fracasso futuro.
Neste momento não tenho confiança nenhuma em iniciativas deste tipo. Muito menos quando se trata de iniciativas conjunturais que "trazem água no bico" (são iniciativas que se confundem com a avidez do poder). É claro que, portanto, também não tenho confiança nas pessoas que estão ligadas a estes projectos porque ninguém se liga com convicção...
Algum de vocês acredita que tenha havido um só político a pensar "vamos reconstruir o cine-teatro Brazão pelo significado que ele tem para os Valadarenses e sobretudo para se proporcionar cultura ao povinho"? Eu não só não acredito como tenho a certeza que os valores que presidiram a esta magnífica iniciativa foram o "temos que deixar obra"... mesmo que não sirva para nada... É como as praças, os passeios, as rotundas.... É como a Casa de Vidro (ou lá como se chama) no Castelo do Queijo. Fica obra mas não fica mais nada! Ou melhor: fica a conta para nós pagarmos!
A ver vamos...
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Rui disse:
Agora estou mais ansioso que nunca por ver "a obra".
A brincar, a brincar, nos últimos 20 anos devo ter passado pela Amadeu Santos aí umas 4 ou 5 vezes. E a última muiiiito antes desses chineses, de qualquer vestigio de obra, etc. Na verdade mantenho a memória de uma imagem com duas décadas. Estou pois a tripar com esta conversa!
A propósito do cinema, gostaria de lembrar aqui um personagem muito curioso: o barbeiro (mais cabeleireiro) da esquina da estação. Não me lembro do nome dele. Tinha um cabelão estilo "Tommy" ou "Hair" e gramava decorar o seu salão com cenas feitas por ele, estilo o preçario pintado de dourado e preto com os bordos do papel queimados irregularmente.
Alguém se lembra?
Pois ele queria ir para Hollywood. E tinha até um argumento para um filme (escrito em letra gótica nesse papel almaço queimado) que tinha esperança um dia ver adaptado para o big screen.
Claro que não era na rua Amadeu Santos que ele se iria safar. E um dia deu à sola e pasou o salão a um barbeiro menos hippie.
Passaram-se muitos anos. E um dia estava eu com o Malkovich a filmar em Espinho e aparece-me uma figura conhecida. Uma visão quase sebastianesca: o inconfundível barbeiro (ninguém se lembra do nome?), igualzinho a si próprio, de camisa roxa por baixo de um colete preto de veludo, o mesmo cabelo em forma de mangerico afro, mais uns anos em cima e, debaixo do braço, o tal argumento que me habituei a ver circular pela rua da estação enquanto puto e adolescente. Quis o destino que ele viesse ter comigo directamente. Ele tinha ouvido falar que a vedeta de hollywood andava por ali e queria, já se sabe, falar-lhe dum projecto que ele tinha. É claro que se tivesse apanhado outro levava sopa e nunca chegaria nem a 100 metros do Malkovich. Não o levei ao colo mas encaminhei-o da melhor maneira para "tentar a sua sorte" e não quis ficar por perto. Um qualquer pudor com as memórias do passado impediam-me de observar o desenrolar desse encontro (e menos ainda de participar nele). Não soube o que aconteceu. Nunca mais o vi. E nunca mais pensei no assunto até hoje.
Hoje estou com curiosidade, não só de saber o que aconteceu (muito provávelmente nada de excitante), mas sobretudo de ler esse filme que nunca se fez e ao lado do qual cresci, sem o conhecer. RL disse: Proponho um desafio. Vamos tomar conta daquilo. Somos os “Bicos” do nosso tempo, ou não somos?!?!?
Atitude!!!!
E depois vendemos por um bom preço (ps:esta parte é tanga, mas a primeira é verdade)
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Nossa disse: Acho que o La Feria já anda de olho naquilo.
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RL disse:
Mas isso é bom! Alguém tem o mail dele?
--- JML disse: O único barbeiro-cabeleireiro que me lembro desse estaminé da esquina é o Costa. Que, nos anos 70 e 80, tinha um cabelão como esse que descreves, embora nunca me tenha parecido tipo com ares de uma fascinante vida dupla de candidato a argumentista em Hollywood. Mas uma das características desse tipo de vida dupla é que ela só se vislumbra em lampejos, por isso, sei lá eu. Se o país até teve um cantor-compositor genial com profissão diurna de barbeiro, daí até um Costa argumentista, a debater-se com o Paul Schrader, vai um nadinha. (E foi o Costa que, há 20 e tal anos, me ofereceu uma pilha de exemplares da Música & Som que estavam na coffee-table do seu estabelecimento; fiquei com a colecção quase completa. Só por isso, que deus [ou outra coisa qualquer] te abençoe, ó Costa.)
Entendo os sentimentos do Sérgio em relação a isto tudo, mas acho que está a ver as coisas demasiado a preto-e-branco. A Amadeu Santos é um reflexo perfeito do estado de toda a vila, com bocados de "modernidade" (boa ou má ou assim-assim) a brotar quase aleatoriamente de um centro velho, parado no tempo, com tanto de "nobreza" decadente como de pobreza e provincianismo. Não sei se um centro cultural com as ambições que o Brazão Parte 2 parece ter conseguirá sobreviver naquela vila e neste concelho. Não sei, de todo, se a energia que consiga eventualmente irradiar será suficiente para, pelo menos, ressuscitar aquele bocado apodrecido de Valadares. Mas se tiver uma programação cultural decente; contínua; capaz de alternar propostas mais populares com coisas para públicos mais circunscritos; com uma política de comunicação e visibilidade inteligente; e se conseguir chamar com regularidade público de fora de Valadares (e de Gaia), quem sabe... ---
RL disse: Programa para o Brazão em link anexo. (cuidado com o som)! http://www.axefeather.com/index_pop.aspx?referred=&country=pt
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Rui disse:
Isto está imparável!!!...
Artur, só faltas tu...
blogamos esta conversa ou cortas-te?
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RL disse:
Blogue-se! Assino pelo “Bico” mais velho!
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Rui disse:
É má onda fazer isso sem ele concordar!
O A. pode mt bem achar q não quer um comentario privado feito por ele blogado na net. Desculpem a minha caretice neste capitulo, mas acho fundamental este tipo de "postura de cavalheiros".
Por falar nisso... alguém sabe se o Brazão vai passar um ciclo Tracy Lords?? ---
Nossa disse:
um dia destes vou querer saber o que raio é "sumaúma, sumapau"
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Rui disse:
:))
Vou manter o suspense um bocadinho mais a ver se alguém se chega à frente...
Vais curtir largo
Quem responde?
Jó, Ricardo, onde andam?
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Jó disse:
Agora é o filho do juíz que diz.
Que já escrevi este post que não sei / não consigo por no blogl. que mandei a minha opinião para todos, mas deve ter ido parar ao car alho, porque não foi enviado. Nabice informática, que nem é costume. Como o computador não era o meu, deve mesmo ter ido para o car alho. Agora não consigo entrar no blog. Hei-de voltar a tentar.
O filho do juiz diz que está menos longe do Sérgio do que dos outros. O cineteatro brazão não me interessa. Entristece-me.
Irrita-me esta mania portuguesa de deitar abaixo o velho para construír o novo. Fazer, só por fazer. Sem que do novo venha algo obrigatoriamente melhor, ou pior ou igual. E isto repete-se em tudo sem exemplo, vezes sem conta.
As palavras restauro, reabilitação e respeito não fazem parte do vocabulário actual e parecem estar fora de moda.
O edifício tinha fantasmas e memórias que foram para o entulho. Fantasmas de domingos à tarde pela mão do avô, ou com a mão na coxa dela... Sextas à noite com os amigos e caraté. Esses fantasmas foram todos corridos a camartelo e no seu lugar ficou uma conta que vamos pagar com as mãos que tiramos dos bolsos vazios e com o voto das próximas eleições. Os edifícios e as pessoas têm fantasmas que são a memória e a identidade. Mas precisam de existir para as terem. Se não, esquecemos o passado, e como estamos a tornar-nos passado, também somos esquecidos.
Entristece-me o lugar de algumas festas da escola já não existir. Estar lá um branco.
Penso às vezes no fantástico coliseu do porto - que só pode ser comparado enquanto equipamento cultural - a que um dia centenas de pessoas anónimas deram o seu pulso para que não deixasse de ser um lugar simbólico da emoção pública. Gosto dessa história porque não envolveu "obra feita". Apenas envolveu quem gostava dele e foi capaz de ir lá e juntar o seu apoio à sua sobrevivência como espaço de todos. Gosto dele assim, como está, como foi feito há mais de 50 anos, com gosto e raça. E interessa-me que continue a existir assim mesmo.
Tenhon pena que o Brazão seja, agora, nem sequer a memória dos fantasmas da nossa adolescência.
Não tenho opinião sobre o edifício e não me apetece ir lá.
Jó, o filho do juíz, que diz.
P.S. - a versão original desta reflexão, que foi para o galheiro, o limbo, o cara lho ou o raiqueparta, estava muito melhor.
P.S.S. - a paula também não sabia o que é sumaúma e sumapau.... ele há cada um...
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Rui disse:
Nomes Comuns da Sumaúma:
África Francesa: Le Formager, Le Faux-Cotonnier, Le KapokierBolivia: ToborachioBrasil: Sumaúma, Sumaúma da várzea, Sumaumeira-de-macaco, Samaúma (Amazonas).Colombia: Ceiba, Ceiba de lana, Ceiba de garsón, Ceiba, Ceiba de bruja, Cibonga, Cartagenera, Palosanto, Lana bongo, Yague, Fromager, Majumba, CeiboCommercial Spanish: Ceiba, CeiboCuba, Peru: Ceibo, Ceyba French Guiana: Fromager, Maho coton, Kapokier, Bois coton Great-Britain: Corkwood, Kapok-tree, Silk-cotton-treeGuiana: Kumaka, Silk cotton Haiti (Guadalupe): MapouJava: Kapok Mexico: Ceibo, Ceyba, Pochote, Ochota Nicaragua: CeibonOeste Africano: Silk-cotton-treePanama: Longo, Cotton-treeSuriname: KankantriVenezuela: Ceiba yuca
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A. disse:
Desculpem-me o atraso mas o trabalho não me pemitiu voltar a opinar mais cedo... mas não se esqueçam que toda esta torrente de lamentações, recordações, desacordos e acordos começou com uma reacção minha a um comentário do Rui P.
Longe de mim tamanha polémica... eu, um polémico repetente... eu, um socialista democrático convicto, republicano sincero... eu, um não católico-quase-católico... eu, um autarca nos antípodas de Menezes... eu, um pseudo-político arrepiado com os pseudo-políticos desta geração... e SOBRETUDO eu, um defensor do STOP imediato do homem no planeta... EU, UM DEFENSOR DO RETROCESSO SUSTENTADO... não consigo conceber tamanho azedume vertido nas Vossas apreciações depreciativas à reconstrução do Cine-Brazão.
Chega a transparecer do vosso estimado chorrilho de vómitos uma espécie de indisposição pessoal com a dita obra, vinda das entranhas do Vosso ser, mas também vinda sabe-se lá de onde. Nem vocemecês saberão, porventura...
Saibam que, na minha opinião, nenhuma obra acima da mediania é conseguida sem uma legítima ponta de orgulho e vaidade dos mentores e executantes (na medida adequada, é claro) - apontem-me quem não seja minimamente susceptível a estas sensações da pele - talvez consigam encontrar exemplos de depeito por essas sensações, mas essa, na esmagadora maioria, é uma carapaça de quem não as consegue dominar dentro do seu próprio limite, de quem de tanta vaidade não se mostra sinceramente agradecido aos outros que a ele se mostram agradecidos. E por fim, é muitas vezes um reflexo da não participação.
O Cine Brazão está dentro de outras paredes, é certo. Belíssimas, por sinal. Cabe à comunidade reconquistar o espaço e fazer justiça à história. E nós somos o futuro da história... é o constante devir de Heráclito de Éfeso... nunca nos banhámos duas vezes na mesma água de um rio... e também um pouco de Hegel.
A obra, para ser criticada deve ser visitada. A cultura merece o benefício da dúvida... e não é justo enterrá-la à "renascença".
Quanto à arquitectura... que todo o desenquadramento fosse como aquele... teríamos um país belissimamente desenquadrado...
Abraços
PS: não tenho nada a opor ao blogamento dos meus comentários... sempre assumi as minhas opiniões, como vocês sabem, mas agradeço o cuidado sensato (já habitual) do Rui P.. Estou extasiado a ouvir Morricone... ele agora já pode vir a Valadares.
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Sérgio disse:
Não te trates…
;)
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Rui disse:
No blog, como verás, omiti, prudente, comentários que não sei se preferias manter privadados. Logo me dirás se se substituem aquelas reticencias pelo texto ou não. - Na verdade fazem um bocado de falta, porque vão directos ao assunto e condimentam o discurso, mas editei a coisa assimaté teu consentimento.
Quanto a aparecer por Valadares... Claro que volta e meia tenho saudades. Claro que mantenho uma imagem duma terra que já não existe. Claro que me assusto de cada vez que por aí passo, mesmo que de raspão. Claro que os filhos da terra são os mais críticos e os mais apaixonados.Claro que os filhos que partem (pródigos ou não) sentem um não-pertencer e uma estranha atracção pela origem. Claro que o provincianismo me irrita e que o lutar contra a mediocridade, o olvido e a grunhice mais primária me estimulam. Claro que sei cada vez melhor que os amigos para a vida são poucos e se descobriram cedo. Claro que há longe e claro que há distância. Claro que os laços que nos unem são também feitos das nossas divergências, que é uma merda que leva décadas a entender. Claro que não há nada pior que estar quietinho e não fazer pevide, não pensar pevide e não dizer porra nenhuma, porque os pensamentos, as acções e as ideias são sementes de alguma coisa.
Claro que acho do car.lh. darmo-nos ao trabalho de falarmos uns com os outros. Não imaginas como isso me deixa feliz. Eu bazei há muito tempo, mas para onde quer que vá continuo a ter de explicar onde é Valadares quando perguntam de onde sou (e nunca fiz trocadilhos com a famosa indústria da terra, única razão pela qual as pessoas às vezes a conhecem!). Hei-de ver com os meus próprios olhos essa fénix tão polémica. Como sabes, a memória do edificio original é-me cara, por isso não acho mal que não seja hoje uma oficina de carros alemães ou a sucursal de um banco espanhol. O resto, é claro, passar-me-á seguramente ao largo. Muito ao largo.
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Rui disse: "O fruto da Sumaúma é uma cápsula obovoide ou elipsoidal, 5 a 7 cm de diâmetro, 8 a 16 cm de comprimento, contendo 120 a 175 sementes, cada uma envolta por algodão branco ou acizentado, acetinado, fibroso, leve e elástico. " ---
Nossa diz: Aqui estão pedacinhos do Brazão.
http://luisnossa.planetaclix.pt/fotografia/sitios_4.htm
JORGE diz: Esse tal Barbeiro, não era o Costa Azeiteiro?
Rui L diz: Elton, Manuel ou Manolo. Quem parava no Orfeão não esquece a sua forma peculiar de jogar bilhar e o jeito que dava ao taco depois de atacar a “branca”. O homem era (e oxalá ainda seja) um artista.
Sérgio diz: Manel!
Quando dava aulas em Espinho encontrava-o muitas vezes. Um dia cumpriu o prometido: levou-me o estudo do filme em fotos coladas nas tais cartolinas... Era qualquer coisa um bocado conceptual, muito 60’s...
Até há poucos anos usava bocas de sino, camisas cintadas e golas enormes... estará outra vez na moda...
O Manel por detrás dos seus óculos redondinhos tinha qualquer coisa de Lenon com carapinha.
Artur diz: Não. O barbeiro era, de facto, o Elton, ou o Manolo, ou o Manel.
Sócio do Orfeão, educação extrema, figura extraordinária de facto, alvo das atenções de muitos companheiros da mesa de bilhar, de quem ouvia os mais bárbaros comentários jocosos e as consequentes gargalhadas em rebanho, terjeitos de despeito de quem, enganado com o real, se julgava mais que ele, mas que de mais nada tinha a mais...
Abraços
PS: Ó Nossa, conhecendo-te como te conheço..., terá sido intencional os teus últimos comentários aparecerem em cima do do Jó ou do Rui, omitindo o meu, apesar de cronologicamente o meu ser anterior aos teus?
Sérgio diz: Ó Artur, quem é que afinal está em cima de quem?
Rui L diz: Desculpa Artur, mas como ajudaste à obra o teu comentário é também desenquadrado!! Belíssimo, mas desenquadrado. Pseudo ou não pseudo, és suspeito! ;)
“O Cine Brazão está dentro de outras paredes, é certo. Belíssimas, por sinal. Cabe à comunidade reconquistar o espaço e fazer justiça à história. E nós somos o futuro da história... é o constante devir de Heráclito de Éfeso... nunca nos banhámos duas vezes na mesma água de um rio... e também um pouco de Hegel.A obra, para ser criticada deve ser visitada. A cultura merece o benefício da dúvida... e não é justo enterrá-la à "renascença".Quanto à arquitectura... que todo o desenquadramento fosse como aquele... teríamos um país belissimamente desenquadrado...”
Rui P diz: Na sequência da evocação de 2 personagens emblemáticos de Valadares (ambos barbeiros)...
Quem se lembra do Marau?
JORGE diz: Então não?
Fugia dele a 7 pés!
E do Cacinho, aquele que na Igreja dizia AMEN antes de todos e muito antes da oração terminar, alguém se lembra?
Sérgio diz: e foi assim que do sumaúma, sumapau, novoriquismo e outras coisas se passou para o tema dos "Ilústres Valadarenses"... postados um pouco mais acima.
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