domingo, 26 de abril de 2009

professores que marcaram - o ciclo de Valadares

agora chamamos-lhes 5º e 6º anos de escolaridade mas antigamente eram apenas "o ciclo", ou a escola preparatória. muitos de nós fizeram esses 2 anos nos pré-fabricados de uma casa velha na Rua Prof. Amadeu Santos. na casa principal funcionava o Conselho Directivo (a temível Profª Madalena), a papelaria, o bar e a secretaria. no último andar de uma espécie de torre o chão tinha buracos pelo que estávamos proibidos de lá ir, mas íamos na mesma. no terreno à volta havia uma capela onde tínhamos música e uma piscina vazia dentro da qual os rapazes jogavam futebol. os WC eram umas casas anexas, enormes, com r/c e 1º andar e estavam sempre imundos e com as portas avariadas (ainda hoje tenho pesadelos com WC semelhantes àqueles).

lembro-me bem apenas de uma profª, a de Estudos Sociais, a profª Teresa Cunha. Estudos Sociais era uma disciplina onde falávamos do 25 de Abril e da liberdade e onde estudámos a recentíssima Constituição da República. a profª Teresa era muito jovem, ou assim me parecia. usava um cabelo armado (tipo Mafaldinha) e injectava-nos de um entusiasmo pouco habitual naqueles tempos de escola.

lembro-me ainda, menos bem, do prof de Música, magrinho, de óculos, que distribuía xilofones, paus e ferrinhos por todos e nos punha a cantar uma canção que já então me parecia muito sinistra: "Josésito / já te tenho dito / que não é bonito / andares-me a enganar / chora agora / Josésito chora / que me vou embora / para não mais voltar".

e do ciclo é tudo. as marcas que nos deixaram os profs significam coisas diversas: umas vezes admiração, outras algo que nos estruturou como pessoas, outra apenas estranheza, outras ainda algo que não compreendemos sequer porque foi marcante.

alguém se lembra de algum destes profs?

professores que marcarm

alguém deu a sugestão de falarmos aqui dos profs que nos marcaram e eu tive esta semana uma experiência interessante a esse respeito. uma colega de trabalho perguntou-me se o nome Emeletina me dizia alguma coisa e eu que sim, que tinha tido uma professora de Inglês com esse nome. era a sogra da minha colega. e como descobriram? a minha colega estava a trabalhar em casa despachando trabalho meu enquanto eu estava de férias e a professora Emeletina reconheceu o meu nome escrito algures. perguntou se eu tinha uma cara redonda e sardenta e concluíram que era mesmo eu.

lembro-me bem dessa professora que nos ensinou Inglês no 10º e 11º ano porque foi ela que me recomendou a leitura - em inglês - de um dos livros da minha vida: The Razor's Edge (o fio da navalha) de W. Sommerset Maugham. fui procurá-lo à prateleira dos livros mais amados e ele lá estava, lido e relido, sublinhado e com aquele cheiro das páginas ásperas e amareladas dos livros de bolso da Penguin. na primeira página o meu nome e uma data: 17 de Dezembro de 1981. impressiona como eu já era gente há esse tempo todo.

reencontramo-nos no dia seguinte, pela mão da minha colega. a professora está igualzinha à imagem que guardo dela: o seu penteado alteado sobre a fronte, os óculos, a mesma saia e blusa, a mesma voz. quase trinta (trinta, sim) anos depois. mostrei-lhe o livro emocionada e fiquei babada quando me disse que também a marquei, que ainda se lembra dos meus testes e dos comentários que neles deixava.

Vladimir Ashkenazy

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Jó, quando eu for artísta pinto mais...

Clica na imagem que ela cresce, cresce, cresce, até ocupar o monitor todo.
XXX
Acrílico (entre outras porcarias) sobre tela. 120 cm x 100 cm.
Ana Sã em desvaneios nocturnos... com gin tónico no copo e funkadelic no ouvido.

Daqui a uns tempos "nocturnos" escreve-se sem "c"... a nocte ficará mais pobre, e o Chopin tocará em brasileiro.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

'rais parta a pintura...



porque um gajo apaixona-se por ela e não pensa noutra coisa...

comigo é assim!
quando vejo e gosto, não resisto. dói-me o corpo se não a vejo.
fico triste e com saudades, à noite, a pensar nela. 'rais a parta'...

hoje foi um pintor colorido, de gaia. nunca o tinha visto. mas hoje espetaram-se-me duas telas nos olhos e já nem sei pensar em mais nada...
fui-me tentar distrair a olhar para o jaime isidoro (suave e excelente mestre, recentemente desaparecido, a quem presto homenagem!) e para o livro do antónio quadros, sinaleiro das pombas, caminheiro de moçambique, muitos anos de fuga da ditadura, onde sabia tanto de abelhas como de cores, de arte, de teatro e de construir uma sociedade poscolonial justa.
não. sim. esqueço-me por momentos, mas depois volta a saudade das cores do pintor de hoje. de gaia, já morto. e da fotografia no livro, com o gato ao colo, em frente à tela...
porra! rais parta a pintura e mais o vício dela...

Aceitam-se comentários e identificações...


Quem é quem?

O que fazem estes rapazes, todos vestidos da mesma maneira, em 1984?
Quem os mandou subir para o muro?
Estão com frio?
Onde estão os números 2, 8 e 9?
(Quem matou Laura Palmer? - esta não é daqui!)
Já havia crise nesta altura?
Quem usa joelheiras vermelhas é do benfica?
Que mar é este?
Em que estão a pensar estes rapazes? E tu?
O que é que vão comer ao lanche?

Assim se faz antropologia, entre outras coisas.
Espero bons comentários!!!

terça-feira, 7 de abril de 2009

ter ou fazer bebés. daqui ou dali


Precisamos de bebés. Daqui ou dali...
Bebés. Precisamos de crianças, de novas vidas. Novas perspectivas. Para fazer frente à morte, ao pôr-do-sol e a outras coisas angustiantes...
É "vox populi" que tudo tem remédio. Tudo se resolve. Menos a morte.
(espero que também a crise tenha resolução...)
E estranhamente  a resolução de tudo vem sempre embrulhada em tempo. Que, sendo o ingrediente mais importante da vida, é também a  melhor garantia da morte! É estranha esta aritmética do tempo... dá num lado e tira no outro!

Fazer e ter crianças, daqui ou dali, é a única arte possível e impossível de fazer frente à morte. Arte imperfeita, mas a única que - até agora - conhecemos. Novas vidas, novas perspectivas, seduções, emoções. Fios institivos de sobrevivência da espécie.

Fazer e ter bebés. Vida. Contra a morte.

Há quanto tempo não comem bolacha Maria?


Qual Sócrates, qual Obama, qual TGV, qual quê...

Saber há quanto tempo é que não comemos uma bolacha Maria é que é uma questão de elevada importância. O resto, meus amigos, são minudências.

E se souberem há quanto tempo é que não comem, interroguem-se então se a última que degustaram era da Nacional ou da Triunfo. Isso sim, isso é que é uma preocupação de primeira linha.

Hoje fui ao funeral de um colega de curso. Mais um... Posso dizer-vos que acho mesmo que não vale a pena perder o precioso tempo que temos com outra coisa que não seja a problemática da bolacha Maria.

Aqui fica a recordação do João Antunes.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Chamada

Ok. Vamos fazer a chamada para ver quem anda por cá.

Sanatório Marítimo do Norte

















Quanto mais sei sobre este sanatório, mais quero saber.
E afinal porque está naquele estado?
As imagens acima pertencem a um artigo da revista "Osteófito" de Novembro de 2007