segunda-feira, 30 de março de 2009

Mais ESV

Clicar na foto que tem a sua piada



Os meus olhos já mingaram. Já posso escrever. Explicando: troquei um colírio por outro e as minhas pupilas ficaram do tamanho de azeitonas durante seis dias! Azelhice...

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Mas o que me levou a postar neste preciso momento foi a leitura do texto do Jó e do comentário do Rui. De facto, há muito que não falavamos da ESV. Talvez por isso o post do Jó tenha caído tão bem...
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Há meia dúzia de anos fui com uma malta que não tinha nada a ver fazer um jogo de basquete lá no liceu. Num domingo à tarde, talvez. Quando a certa altura o cansaço me deixou em "quase-coma", resolvi ir dar uma volta pelos locais onde dantes "pousavamos". Quando cheguei ao "pouso" principal, junto às janelas da sala 27, vi que numa das vigas de betão - naquelas que suportam as placas de fibrocimento - estavam escritos os nossos nomes a giz e, claro, BKC. Foi uma sensação incrível. De apropriação. De perenidade. De viagem no tempo.
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De repente vi o murete onde nos sentavamos cheio de gente, amigos e colegas, pastas, mochilas e capacetes. Uns sentados, outros deitados. Ao sol. Vi lá pousada uma caixa de lata avermelhada que eu usava para guardar o material de Arte e Design, onde escreveram a marcador de acetato esdroje e chemanata... Ouvi no silêncio daquele domingo o reboliço frenético do intervalo grande. E de súbito alguém que me perguntava se eu ia dar tiro...
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Lembro-me bem que foi o Nossa que escreveu a pedido os nossos nomes na viga. A façanha foi pendurar-se com uma mão e escrever com a outra. E assim lá ficaram nomes como Xaninha, João, Mónica, Rui, Jorge... Ficaram lá décadas.
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Há relativamente pouco tempo voltei à Escola. Já não me lembro por que razão. Fui espreitar a viga... já não existíamos.
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E ao que parece, tudo vai deixar de existir: pelo que me disse o Jó, o Liceu há-de ir abaixo... Tal como fizeram os alemães com o muro de Berlim, também nós iremos guardar um pedacinho de betão para mais tarde recordar. Mas neste caso, uma época do caraças!
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PS. Alguém sabe porque é que a ESV se chama Joaquim Ferreira Alves? Com todo o respeito que possa ter pelo senhor, nunca percebi qual a relação...

13 comentários:

onion disse...

Joaquim Ferreira Alves foi um dos homens mais importantes de Francelos/Valadares, fundador da clinica Heliântia e do Lar do Enfermeiros na praia de Valadares.Era um médico inovador e benemérito que ajudou muita gente naquela época.Quando Francelos não passava de um povoado, convenceu a CP a construir o apeadeiro.
Por ironia foi lá que morreu, colhido pelo comboio.
O filho , Álvaro Ferreira Alves, também foi um ortopedista conceituado.

Mais importante era meu vizinho e operou-me á perna quando tive o acidente de mota.

Rui disse...

O teu comment deu-me a ideia de fazer uma wikipédia valadarense ;)
Na verdade, os valadarenses, dá-me ideia, não conhecem muito bem a sua própria terra... Se calhar até podia ser fixe :)
Quem conhece o António Reis? O Aurélio Paz dos Reis? O Jaime Isidoro? O Isolino Vaz?
Quem sabe quem foi o Marau? O Orelha Roída? A Piscó?
E o que é um esdroge? Uma zirga?

Sérgio R disse...

Caro Onion,

Isso eu sei! Aliás, Álvaro F. A. era colega do meu avô paterno. O meu avô materno, que era mais velho, conheceu bem Joaquim F. A., e falava-me muitas vezes do acidente no apeadeiro.

A minha questão tem a ver com o critério usado para atribuir este nome a uma instituição de ensino. De facto, neste domínio, e mesmo no da beneficência, tivemos, em Valadares, pessoas com um papel fundamental. Lembro, a título de exemplo, José Monteiro Castro Portugal, que ofereceu a escola masculina e a casa do professor primário, e Isabel Mullier de Mesquita (1871-1959), que fez a doação da escola feminina com todo o mobiliário e material didáctico, bem como a casa da professora. Esta senhora deixou ainda aos pobres, por testamento, a sua fortuna, constituída por dinheiro e edifícios (sendo certo que os melhores acabaram por ser vendidos a particulares; outros ficaram para a misericórdia de Gaia que nem sempre os arrendou aos mais necessitados...). O meu tio João e o irmão deram também o terreno para a escola de Vila Chã... Entre outros.

Por isto é que me pergunto sobre o critério da atribuição do nome...

:)

abraço

Sérgio R disse...

Caro Rui,

Já há referências a Valadares na Wikipedia que têm sido usadas pelo nosso futuro Presidente da Junta de Freguesia, Artur Gandra (vide blog 'Acreditar Valadares'). Essas referências são, contudo, muito pobres.

Acho a tua ideia muito fixe.

Agudabá

onion disse...

O google reader actualiza novo posts mas não comentários, tem de ser man-nual :-).

Wikipédia , como dizem os economistas depende! Pôr a Piscó ao lado dos ilustres... hehehe . Ainda há 2- meses passei de mota lá estava ela, incrível exemplo de longevidade, uma imagem do passado, tentei tirar uma foto com o tlmv mas não consegui.

Não ando muito por aquelas bandas a não ser para ir a casa dos meus pais. Vou muito á Bicivendas, a loja de bikes do Quim Amado onde aparecem pessoas dos anos 80 /Valadares.

Continuem com essa parte da ESV que tem piada, mas sem excesso de nostalgia, por favor.

Abraço vou passando.

disse...

Realmente para nos fazer chorar, basta que tu estejas por perto, onion... as nostalgias bem se dispensam!
Em todo o caso quem anda ainda de mota apesar da perna partida no tempo do FA? quem trás a piscó ao blog? anh?
És tu, e está muito bem!!!

E ficarás assim encarregado de por o travão à nostalgia cada vez que ela se insinuar por aqui.
Se se falar do prazer das tardes de prado, sem fazer nenhum para além de dar beijos, tocar viola, faltar às aulas e pensar "que bom é viver e ter idade de não saber que idade se tem!"
Avisa logo que isto roçar a nostalgia. Anh? Ficas com o pelouro de "fiscal do nostalgiómetro" aqui do blog.



P.S. - Ah! e fica descansado que não me daria ao trabalho de te provocar se não fosse teu amigo!

onion disse...

Eu é q provoquei, por isso ... Não fui eu que chamei a Piscó ao barulho,e só a conheço de longe, mas proponho uma entrada na wiki:

" Piscó (aka Pescó ,D.Maria ?) Proeminente cidadã da Freguesia de Valadares,que desde há várias gerações presta serviços de entertainment e alivio de tensão sexualaos conterrâneos masculinos, em troca de uma pequena prestação pecuniária.
Na sua zona de ataque junto á praia,passeia o seu porte impressionante , um misto de arara e rinoceronte, com destaque para o cabelo louro (pouco) natural.Há rumores que a sua especialidade prende-se com uma eficiente utilização do órgão muscular localizado na parte ventral da boca (lingua) com o qual proporciona momentos de incomparável extase a camionistas e trabalhadores afins."
Grande Abraço Jó

FFA disse...

E, apenas por mero acaso do destino, Joaquim Ferreira Alves, era o meu bisavô. Acho que a sua obra fala por si, mas quem sou eu para argumentar...
Obrigado, "Onion", pelas simpáticas palavras.
Fiquem bem...

Sérgio R disse...

Mas tu, FFA, és naturalmente suspeito para dares palpites sobre estas pessoas ilustres. ;)

abraços

FFA disse...

Sim e não, talvez... Depende do ponto de vista.
Mas como dizem os "bifes" "don't underestimate yourself" ou "don't sell yourself short"...
E, além disso, "ninguém é profeta na sua dita..."
Não é um palpite, antes uma constatação.
Já agora, para os interessados, e correndo o risco de maçar o auditório, a questão do destino é mesmo real, e não uma figura de retórica. Se o meu pai tivesse ido de carro com o meu bisavô, como era hábito, visitar os doentes, naquela fatídica noite, talvez eu não estivesse aqui, neste momento, a azucrinar-vos o juízo.
Estão a ver a sorte?
Malhas que o destino tece, direito por linhas tortas, portanto.
Abraço

Rui disse...

Onion:
concordo com a tua nomeação para fiscal da nostalgite! O que é piegas cheira mal!
Apesar de tudo, parece-me, dos que andamos aqui, estamos todos a curtir bastante o tempo que vivemos e na maior parte das vezes a forma como o vivemos :) Penso que não me engano.
Sérgio, FFA, Jó:
Piscó à parte, e falando portanto um bocadinho mais a sério, parece-me muito bem este esclarecimento sobre as figuras ilustres de Valadares e o reconhecimento que a terra lhes merece.
(claro que para quem andou numa ESV é difícil chamar-lhe ESJFA, ou lá como é!)

catarina disse...

agora, antes de tudo ir abaixo, o pouso principal é naquelas escadinhas que separa o coberto do campo de jogos...

estou no 12º ano e no verão passado pintaram os pilares de betão...

joana disse...

Bem andei la e no meu 12º a bem pouco tempo(05/06/)o "pouso" do pessoal do secundario(10º711º/12º) era todo pelo coberto..e tipo dividia-se por areas que na minha altura era bem mais facil:
Cientifico natural
Artes
Humanidades
Economia

Apenas 4 grupos de pessoal bem diferente que parecia não quererem conviver uns grupos com os outros...

Tipo as vezes sentavamonos em algum sitio e la diziamos "bora bazar daqui que isto é o poiso dos artistas ou dos doutores ou mesmo dos banqueiros"..sim pk nos eramos de cientifico natural...
foram bons momentos..gostei mto do meu 11º e 12º...pelas borgas, pelos amigos..por tudo...são os anos da juventude...gostei bastante do vosso blogue...muitos parabens...