terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que vem aí?

Ontem no Prós e Contras a "jornalista" introduz na formulação de uma pergunta a D. José Policarpo a seguinte afirmação: "a Conferência Episcopal manifestou o seu apoio à posição dos professores".
Este — percebe-se a seguir — decide ignorar a afirmação e responde à pergunta.
De novo a jornalista lembra que saiu em todos os media que: a ”Conferência Episcopal manifestou o seu apoio à posição dos professores"
Desta vez D. José Policarpo, dizendo que já por duas vezes a "jornalista" tinha dito aquilo então teria de a corrijir. Tal facto não tinha sucedido. Um bispo, por sinal o presidente em exercício da tal Conferência Episcopal", recebeu os professores a título pessoal. A Conferência Episcopal não foi tida nem achada nesse assunto.
Acrescenta mais tarde que o jornalista — no sentido "os jornalistas" acho eu — sabia que tal não tinha acontecido... depois extrapola para referindo-se à necessidade que os media têm de "sublinhar" as notícias.
(se conseguir coloco aqui estractos do vídeo)

Muito me agradaria que a sociedade em peso percebesse definitivamnte a razão dos professores, mas há algo que já fede neste jornalismo abjecto. Lembremo-nos que este programa tem enormes audiências... apesar da novela com o nome tão sugestivo “Podia acabar o mundo” estar a passar aquela hora na concorrência.

Ora o programa era sobre a crise e questionava sobre o que vem aí e como estar preparado. Campos e Cunha dizia que era necessário de novo descobrir e ensinar a filosofia. Ensinar a pensar. É um economista que diz isto aos seus alunos.

Quando a percepção do mundo que os media nos dão é uma espécie de fast food que nos engorda de factos apetitosos que muitas vezes não acontecem e muitas vezes não procuramos compreender verdadeiramente dando-nos a ilusão que estamos informados, a resposta ao que vem aí é fácil, não é?

Os resultados são previsíveis e o "demasiadas vezes intermitente" Mário Soares vem hoje falar na possibilidade de ocorrerem revoltas sociais.

E o que de novo terão estas revoltas sociais?
Têm um novo tipo de pessoas educadas nesta nova “pirâmide” da formação do indivíduo onde no topo estão os valores do facilitismo, do egoismo, da competição, da apatia, do consumismo, da acumulação, da insensibilidade, e finalmente da ignorância.
Estou a imaginar um Maio de 68 mas ao contrário.

E era aqui que os professores entravam... se não estivessem a correr com eles.
Como é que estes patifes não percebem que ao destruir a escola estão a destruir a liberdade? E que nem nos “guetos” onde imaginam envelhecer estarão a salvo.

6 comentários:

Rui disse...

Também te anda a bater, o actual estado das coisas. Pois.
Incomoda, perturba, irrita. E pior do que a azia, que inflama, azeda e consome.
Pois.
Pois, pois, Jota Pimenta.

Rui disse...

Apetecia-me imenso conversar sobre o tema. Aqui não dá, neste momento. Não tenho tempo (estou em dias "road runner"). Mas o que curtia mesmo, mesmo, era fazê-lo à frente de uma lareira. A ajudar no conforto de uma conversa inflamada.
As ideias são o melhor combustível do diálogo e bem me agradava atear uma dessas sessões pela noite fora numa casa abrigo em Pitões ou algo do género :)
Leste a "Era do Vazio" do Lipovetski?

Mónica (em Campanhã) disse...

eu, simplesmente, não como fast-food, nem pela boca, nem pelos miolos. a crise é agora o produto da moda, e também não compro. o essencial, é o gadget de última geração que procuro, e sei que apenas irei encontrando.

ler outras coisas, que não jornais. ver outras coisas, que não TV digerida. procurar outra coisa, que não bens compráveis. avaliar os professores, sim. e os médicos, também. eleger os alunos (e os pacientes) como centro da educação (ou da saúde). regalias à parte. corporativismos à parte.

vá, espanquem-me.

Nossa disse...

Não li a "Era do Vazio" do Lipovetski, mas vou pesquisar.

Dei conta que o meu comentário não cabia aqui, por isso segue no post "O que vem aí? #2"

disse...

Estou de acordo.
Hoje, sem história, tinha a televisão ligada no telejornal e ouvi um jornalista a fazer um directo: "estamos aqui na Guarda, estão 6 graus negativos e como podem ver não anda ninguém nas ruas, provavelmente porque as pessoas preferem ficar em casa num ambiente aquecido em vez de enfrentar estas temperaturas" Eram 20 horas. Brilhante!
O que é que estaria a essa hora a acontecer... por exemplo... em Cadavão? (Lembram-se? Vilar do Paraíso, quem vai para Canelas?) Ao pé do café? Sim, estava a acontecer alguma coisa, de certeza. Provavelmente dois graus positivos e ninguém na rua. Porque é que o jornalista não foi lá? Cadavão é importante e actual, caraças. Hilariante!

Nossa disse...

Em Cadavão mora o João de Deus na sua casa de madeira que mandou vir de um país frio e distante...