sábado, 13 de dezembro de 2008

RePost

Sem pedir ao autor, coloco aqui abaixo um post de Janeiro de 2006Primeira Manhã

Deve ter sido perto de umas férias escolares de Natal. Éramos bem putos. Apanhámos a mania de ir à praia, a pé, às 6 da manhã. Passear. Ter uma aventura. Aproveitar a natureza, quebrar a rotina (que por sinal era ainda bem pouco rotineira...), sei lá fazer o quê.
Acordávamos, telefonávamos uns aos outros ou faziamos sinais de luz pré combinados e saíamos de casa. Ainda noite. Depois íamos ter a casa de um e juntos metíamos pés ao caminho. A 109, larguíssima para o nosso tamanho, estava deserta àquela hora e podíamo-nos deitar no chão e rebolar. Falávamos o tempo todo do caminho. E inventávamos tudo e mais alguma coisa. Chegávamos à praia perto do nascer do sol. Deserta. Carros praticamente não havia. Areia selvagem, mar batido e furioso umas vezes, outras não. Gaivotas frequentemente. E o cheiro... o frio da manhã e da aragem, a luz e a cor do nosso mar de Valadares ou Francelos...
Lembro a primeira manhã que fiz isso com o Sérgio. Eram férias de natal. Quando chegámos à praia, ficámos deslumbrados. Com uma sensação enorme de liberdade. Eessencialmente corremos atrás das gaivotas e gritámos palavrões. Sim, isso, sem censura. Gritámos para o mar e para as ondas, num acesso espontâneo, instântaneo e intensíssimo de liberdade experimentada e gozada.
Tenho a fotografia na cabeça.
Regressámos outra vez a pé. Aparentemente demorámos muito. Parecia tardíssimo. Estranhamente eram 11 da manhã quando entrei em casa.
Primeira manhã...

3 comentários:

Rui disse...

Sim, eram manhãs gloriosas.
Muito putos. Muito livres. Tenho um grande carinho por essa memória.
Recordo-me também do disparate que era, mais tarde fazer isso contigo na tua bicicleta preta atrelado à minha mota a descer a 109 a tentar ultrapassar a barreira do som. Muito putos. Muito confiantes. Muita joie de vivre.

Mónica (em Campanhã) disse...

eu fazia isso, mas era no Verão (éramos menos corajosas) e também não me lembro de dizermos palavrões. mas de resto era muito parecido: a Susana P vinha dormir lá a casa, acordávamos ainda noite, passávamos pela casa da Ani e da X e íamos tomar banho em T-shirt com o sol a nascer. exercícios de uma liberdade que ainda nos era um bem escasso nessa época.

disse...

Que feliz fiquei de reler e re-ter as sensações...
Simpático.