quarta-feira, 15 de março de 2006

O Rock Cebola - The Onion Rock

O Jó, a propósito de Música em M, referiu-se ao "Rock Cebola" como o rock que fazia chorar. É mais ou menos assim, mas não é bem! Vou recordar-vos como nasceu este estílo.

Uma tarde, talvez de sábado, estavamos todos (BKC) em Miramar, no "Beijo Frio" (ou afim), quando a Dite, o Gaspar, uma irmã do Gaspar e um tal de Arturinho se sentaram na nossa mesa. Palavra puxa palavra, cerveja puxa cerveja, e às duas por três já só se falava de Música. O tal Arturinho, para além de muito estrábico, também era gótico (note-se que a única coisa branca que ele tinha eram os dentes). Dizia que tinha vindo de Londres. Dizia que queria formar uma banda. Dizia que até já tinha nome e tudo: Sue & Cyd.

A certa altura mostrou-se muito interessado pelos BKC e, no seu estílo, perguntou se nós também andavamos numa onda urbano-depressiva. Ora bem! Nós éramos de Valadares. Nós não nos vestiamos todos de preto. Nós o que gostavamos era de curtir como o caraças! Por isso, eu respondi-lhe: "nós somos mais do estílo rock rural... somos do campo... é estílo rock cebola". O Arturinho ficou completamente baralhado, mas cheio de vontade de nos ouvir. Palavra puxa palavra, e daí a minutos já estavamos no quartinho. O Arturinho agarrou-se ao microphone qual Lou Reed em cabedal, e começou a debitar inglês macarrónico... Simultaneamente, como se estivesse a actuar "ao vivo", começou a agitar a cabeça para trás e para a frente e a dobrar-se todo. Nós olhavamos uns para os outros e mantinhamos um certo esforço para não deixar saltar as gargalhados ("o moço é mas é tolo!").

No meio destes contorcionismos, o Arturinho não se lembrou (ou não viu bem, o que é perfeitamente natural...) que havia uma viga de madeira que estava muito baixa. E assim, num daqueles finais apoteóticos em que o vocalista geralmente salta a olhar para o baterista, o Arturinho abriu a cabeça. A irmã do Gaspar, que por acaso era enfermeira, tentou socorrê-lo, mas ele não deixou. Achava que o sangue a escorrer pela testa dava muito mais estílo.

Durante anos, umas pingas de sangue de tipo Arturinho ficaram coladas nas portadas de madeira que faziam o chão do quartinho. E o Rock Cebola passou a fazer chorar... de riso!

2 comentários:

David (em Coimbra B) disse...

Se quiseres Jó, essa banda rock rural, rock cebola, genial, entra pela porta grande das minhas festividades na Serra de Sicó. Têm direito a cartaz alternativo...
Diz-me do preço: vinho, broa e queijo Rabaçal?

Sérgio R disse...

Era bem fixe! Adoro vinho, broa e queijo. Era bem fixe se um dia a malta a propósito de qualquer coisa ou a propósito de nada o fizesse! Fazia bem aos pulmões!