sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

"Apanhámos o Carrinho"

Obrigado Vasco, por teres trazido à memória tão carismática expressão!

"Apanhar o carrinho" é, afinal, uma partilha colectiva e instantânea de um mesmo feeling...
É como aquelas imagens da ficção científica feitas por computador em que de repente pontos de luz, isolados e dispersos, se reúnem num mesmo fluxo que desliza vertiginosamente numa mesma direcção, num mesmo sentido, virando ora à esquerda ora à direita, ora para cima ora para baixo, sem qualquer hesitação de qualquer um desses mesmos pontos.

Já viram como voam os pombos quando se lhes abre o pombal? Nós fazíamos como eles: num instante um ía à frente, e conduzia... outro, logo a seguir, puxava para o lado e todos, em uníssono, íam para o lado; outro arrastava para cima, e lá íamos todos nessa nova direcção... A nota mais insistente, o percutir do prato mais estridente, o berro mais arrojado, eram como bússolas enlouquecidas a indicar a toda a hora milhares de direcções diferentes... mas, no caminho, nunca ninguém se perdia. Bem pelo contrário!

Na música e nos nossos dias (sim, os dias eram nossos!), talvez eu fizesse um acorde, ou o Ricardo uma frase no baixo, e, em minutos, passavamos (às vezes de olhos fechados!) do perto para o longe. Para o realmente distante mas que não era um lugar. Era Alma... Saltavamos em grupo "to the other side of morning" sem que nunca tivessemos ensaiado tal viagem.

Muitos anos depois, quantos carrinhos não podiam ainda ser apanhados, hem?!

1 comentário:

Rui disse...

Apanhei o carrinho com este texto :)
As imagens sugeridas são excelentes.
...LINDO!!... apanhar o carrinho!!