Herói
Herói é o meu nome.
Meu olhar frio, arguto
não vê coisa que o dome.
Meu esforço rudo e sano
não desmaia um minuto.
Sou herói todo o ano.
Quando passar por vós, naturalmente,
com este meu ar simples e no entanto diferente
e no entanto diferente do ar do resto da gente
não digais: é fulano.
Dizei: é o Herói.
O herói, simplesmente.
Mário Cesariny de Vasconcelos
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
Cesariny. Hoje. Em fim.
Posted by Sérgio R at segunda-feira, novembro 27, 2006
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5 comentários:
Há uns meses estive em casa dele e apesar de menos herói do que o que dá a entender com este poema, mantinha-se irreverente e sagaz.
Sempre fui apreciador da obra e também um pouco (nem sempre) do personagem.
Cruzamo-nos muitas vezes em noites em lugares densos, há muitos anos. Mas as melhores recordações são as da descoberta, em meados dos oitenta, de que resultaram grande admiração e recorrentes citações naquele programa da Rádio Caos que mantive com o Paulo G.: "Ondas & Naufrágios".
Há umas semanas contou-me um galerista do encrespado que se lhe pôs quando caiu "na asneira" de lhe chamar de mestre.
Obrigado, Mário.
oh Rui, lembrava-me do Paulo mas não de ti na Caos...
Durante uns anos (dois e meio? três e meio??) tinhamos dois programas semanais: "Ondas & Naufrágios" (poesia e música - domingos noite) e "Caixa Negra" (fotografia - sextas noite).
Em 89 migrei, o que me impediu de continuar. O Paulo manteve os programas.
O Paulo tinha uma colecção de discos invejável, de modo que a música era óbviamente por conta dele. Fantástico!! Curtiamos imenso! No "Ondas" apareciamos cada um de nós com uma selecção de textos semanalmente, a que dávamos uma ordem e por vezes um (invisível)sentido. No final do programa, em jeito de genérico diziamos quem tinhamos lido e de quem eram as músicas. O que nos permitia ler também textos nossos pelo meio do programa com o maior dos à-vontades :)
Foi, para mim, uma época muito fixe. Saudades da rádio e de ler poesia no éter!
Não me consigo lembrar mesmo com precisão de que anos falava! :(
De 1985 a 88? Talvez antes até.
A Rádio Caos funcionava (clandestinamente, claro) na Rua de Sta Catarina e só mais tarde na Praça da República.
Havia ainda grande movida no Majestic. O A.da Silva O. bombava em todas as direcções. O David Pontes (agora do JN) era punk e tinha um programa a seguir ao nosso.As noites da Ribeira resumiam-se ao Duque e mais tarde ao Postigo do Carvão, Aniki Bóbó e pouco mais.
Talvez ouvisses os programas depois de eu sair, Monica. A maior parte do blá-blá era a minha voz, bem diferente da do Paulo. Darias conta, óbviamente. :)
oh Rui, é que eu também tive um programa na Caos (com o ZP, era o Passado Aleatório), cheguei a cruzar-me várias vezes com o Paulo e nunca me apercebi de ti (e pelos vistos nem tu de mim), acho que só saí quando aquilo acabou. pera aí que vou ali ao arquivo e já te digo quando foi tudo isto.
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