Comentário a "Morreu um homem amargo e mau, incapaz de sorrir", que li no blog http://portonovo.blogs.sapo.pt/435065.html

Santa ignorância...
Houve artístas que foram nazis, outros que foram comunistas e que estiveram ao lado de Estaline, outros democratas, revolucionários, católicos, bêbados, drogados, criminosos. Todos eles tiveram o seu feitio, as suas orientações sexuais, as suas extravagâncias, a sua postura na vida. Em relação a uns, tudo se compreende porque o espírito do artísta é livre: tudo é fruto da liberdade criativa. Já outros - muitas vezes os mais importantes - são isto e aquilo...
O Picasso pintou Guernica da forma que pintou, era anti-fascista, comunista e anarquista e hoje é o Picasso que orgulha Espanha e o Mundo. Dali apoiou Franco, e apoiou ditaduras comunistas. Hoje representa o que representa. Pollock era um alcoólico, Hemingway era pescador, caçador, gostava de touradas, de putas, de álcool, era espião americano infiltrado em Cuba (a troco de dinheiro), e um depressivo que não só pôs termo à sua vida, como destruiu a sua própria família. Mas nem por isso deixou de ser prémio Nobel e um dos melhores escritores de todos os tempos... Podia continuar com exemplos. Mas fico por aqui, dizendo que o António de Oliveira Martins -autor de um infeliz e-mail sobre José Saramago - apenas espelha a magnitude da ignorância e do preconceito tão típico dos portugueses de vistas curtas. E esquece-se que se os artístas não tivessem personalidade vincada eram, tal como ele, agentes da banalidade e da crítica fácil.

Santa ignorância...

Sérgio Rodrigues