sábado, 29 de março de 2008

Estamos todos

calados que nem ratos.
Nem uma postadazita, um "que ando a ouvir", um "grafite moderno" trazido pelo ruizito, uma carteira de fósforos dos anos 80 encontrada no fundo do baú, uma baforada de fumo de um cigarro partilhado em conversa...
Nada.
Estamos calados.

Hoje entrei na "Escola Preparatória de Valadares". Deve ter outro nome, mas não sei como é. Está cor de rosa e com ar velho. Pensava de mim para mim que escolas como esta - igual à vizinha "Secundária de Valadares" que frequentámos - apareceram como cogumelos por todo o país - eram todas muito parecidas - a partir do 25 de Abril. Era um sinal de "progresso" mas, afinal, pouco ambicioso. Ao fim de 30 anos percebe-se que estes edifícios - "obras públicas" - eram, e são, de muito má qualidade. Desconfortáveis, sem qualquer desafio estético ou visual, com espaços exteriores miseráveis e, para mais, com má utilização. Dizia-se que eram "ofertas" de países ricos (tipo Noruega ou Canadá). Não sei se era verdade. O que sei é que os mesmos projectos arquitectónicos não podiam servir bem para a Amadora, Loulé, Valadares e Mirandela... E foi o que aconteceu.
De alguma maneira, embora gostássemos de estar na escola (pelo menos eu gostava. Repare-se que não escrevi "gostássemos de andar na escola ou das aulas"...) acabamos por ser - ao ser aquilo que somos - um reflexo dessa falta de qualidade: cinzentos, sem arrojo e placidamente governados por políticos sem qualidade.
Obviamente que havia coisas fantásticas nas dimensões de solidariedade e amizade na escola e tivemos professores extraordinários (só por nos aturarem...). E isso foi muito bom. E muitas outras coisas como por exemplo tantos de nós terem oportunidade de estudar porque perto de casa havia uma escola. Mas imagino como teria sido tudo se os edifícios onde fizemos uma parte fundamental da nossa formação não tivessem sido construídos para durarem 30 anos, mas sim 300! Não estou a delirar, nem a sonhar. Há escolas assim em países mais desenvolvidos que Portugal. E mesmo aqui (ainda) há alguns edifícios com mais de 100 anos que não deitaram abaixo para construir de novo e pior. E os países onde as escolas podem ter 300 anos não são necessariamente mais ricos. Têm é um sentido de investimento e de utilização do dinheiro menos espalhafatosa e mais racional. E não têm tanta corrupção.

Teríamos sido, concerteza, diferentes se tivéssemos estudado em escolas / edifícios de outra qualidade.

2 comentários:

Nossa disse...

Calado mas a escutar!
Gostava de visitar algumas dessas escolas de cento e tal anos... o mais próximo que estive disso foi quando fiz um exame no Alexandre Herculano.
Procurei na net para ter a certeza que se chamava assim e dei com esta página: http://www.esaherculano.com/index.php?option=com_content&task=view&id=58&Itemid=93

Anónimo disse...

Tarde mas actual....estudei no Colegio dos Carvalhos ( CIC) em que este ano se comemora o centenário, devo dizer que o meu pai e seu irmao, tambem lá estudaram , e que o meu avô paterno ( nascido em 1900)tambem fez lá uma perninha.Não sei se o edificio é o original, mas sei que a instituição perdura....ainda mais porque o sucesso advem de algo mais ...."o meio não é o fim mas o princípio"...o resto acontece naturalmente....ah e o dinheiro ajuda....
RM