domingo, 9 de março de 2008

Assim devagarinho...

Já me estava a ver paranóico, mas eis que o artigo de Daniel Sampaio no Público deste domingo “Farto de Salazar”, me garantiu que não ando a ver coisas a mais.

Esta campanha publicitária de uma colecção sobre “os anos de salazar” que nos apresenta um Salazar Andy Warholiano muito cool que ainda por cima nos olha nos olhos, anda a incomodar-me!

Também me incomoda outra campanha de uma colecção sobre o mesmo período que afirma cinicamente: “Nem bom nem mau. Incontornável”... Ufff.

E para aqueles que, como eu, não acreditam numa ingénua incultura e estupidez de algum director criativo, eis que a campanha da Coca-Cola Light põe uns jovens a libertarem-se “da tralha do passado” enquanto se ouve a canção “E depois do Adeus” do Paulo de Carvalho que serviu de código para o arranque daquela madrugada de 74 ...

Bem. Desculpem lá o desabafo pouco típico deste blog que se dedica ao “Bright Side of Life”. Se calhar criamos outro blog só para estas coisinhas. Assim pequeninas.

4 comentários:

Rui disse...

Muito oportuno.
Confesso que tenho andado igualmente com esse mal estar de há uns tempos para cá.
Eu que até sou amante da ironia, tenho-me interrogado também sobre o que me deixa desconfortável nestas recentes apropriações...
Se o tema é sério para aqui, talvez o ligue a algo habitual neste blog, de não pouca importância: a MEMÓRIA.

Nossa disse...

E eis que a campanha chegou hoje à TV. Papá, papá... quem é aquele senhor naquelas cores tão alegres?!... ...

Mónica (em Campanhã) disse...

não percebo porque é que não há-de ser aqui mesmo - embora eu não tenha dado por nada (pouca TV e muita distração)

disse...

Pois, Nossa.
Concordo. É verdade. Na televisão não sei porque não vi, mas na rua é... simplesmente enjoativo.
Típico da criatividade vazia de uma geração que não sabe nada do passado e para quem a política é uma coisa que não interessa absolutamente para nada. Presente ou passada, trata-se de um "fait-divers" apenas com forma e sem conteúdo.
E é uma geração criativa que inventa o que já está inventado. O Wharol, pelo menos, inventou o que já existia mas ainda não estava inventado. Esta campanha não inventa nada. Copia, sem critério e sem interesse. Criando um objecto enjoativo tributário de uma leitura "grafittiana" com wharol mal digerido. Sem qualquer formação política.
Tu que és criativo, chocavas as pessoas a qualquer preço?
Andavas nú para venderes livros?

Onde é que estes gajos estavam no 25 de Abril?

E tu?