quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Mais um regresso ao passado...


Em Dezembro, recebi da Cristina uma prenda de anos fantástica: uns dias no Algarve. Mas não foi num Algarve qualquer. Foi em Tavira, a pouco mais de 10 Km da Fábrica (Cacela Velha). Obrigado! :)

Como alguns de vocês sabem, até porque lá estiveram, foi no sítio da Fábrica que passei as minhas férias de verão, entre 1970 e 1984. E foi também lá que passei alguns dos melhores dias da minha infância e adolescência.

Em Agosto de 2005, eu, a Cristina, o meu irmão, a minha cunhada e a bebé Carolina, estivemos na Fábrica uns 15 dias. Segundo elas, eu e o João pareciamos criancinhas com brinquedos novos. É verdade! Ter voltado à Fábrica, e ter ficado algum tempo, foi como entrar na máquina do tempo (esta "imagem" está muito batida mas não há, de facto, outra melhor para traduzir a sensação de estar lá). Não só nos lembrámos de quando éramos putos, como nos tornámos putos...

Além disso, regressar à Fábrica é reentrar num tempo sem tempo, num espaço quase mítico, onde facilmente encontro os meus mortos.

No início dos anos 80, tive a alegria de ter sido visitado pelo Jó e pelo L Cardoso (pela Fábrica passaram igualmente, em diferentes momentos, o Rui L, o F Rola, os primos C & Z Duques e, claro, os Milheiros). Nessa altura, também a minha irmã tinha visitas: uma malta do Porto que ela conhecia, e onde havia um cromo chamado Xico Escuro. Ora, este grupo nortenho mais o grupo do pessoal de Lisboa que também lá fazia férias (o Nuno, o Frederico, a Rita P e a família israelita com um número indeterminado de filhos, entre os quais estava a simpática Ayala), era o suficiente para provocar uma explosão demográfica no Sítio da Fábrica.

Uma noite - e alguns já sabem o que é que vou contar - decidimos fazer um mega-tribunal para se decidir o que era melhor: o Porto ou Lisboa. Logo à partida, o carácter de isenção da Instituição improvisada estava garantido: o Jó era o juíz! O espaço do tribunal era a esplanada do Restaurante Costa, onde sistematicamente se ía todas as noites.

Como o tempo ía passando e não se chegava a nenhum resultado, alguns de nós decidimos ir ter com os “jantantes” para pedir a opinião deles. Estrangeiros e portugueses lá íam respondendo sem qualquer possibilidade de não participação. É que mesmo que não quisessem responder, não conseguiriam nunca escapar à algazarra louca que alí havia.

Ao que parece, e se a memória não me falha, chegou-se a um empate. No entanto, e quando menos se esperava, eis que chega o Ti Zé Capitão: “Ti Zé Capitão, o que é melhor, o Porto ou Lisboa?”. O homem que, lá na casa do meu avô, contava sempre a mesma história sobre o dia em que tinha desembarcado em Matosinhos, respondeu, obviamente, que o Porto era melhor... Resultado: bebedeira geral!

PS. Nessa noite, que não acabou aqui, o Xico Escuro foi encontado, pelo meu pai, a dormir entalado entre um poste de electricidade e um muro...

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